Outro dia folheando umas coisas por aqui, encontrei um antigo caderno da minha mãe que tinha um recorte de “Maktub”, do Paulo Coelho. Para quem não sabe – o que eu duvido, a não ser que você tenha 15 anos –, Paulo Coelho era uma espécie de conselheiro de outra geração, com parábolas diárias no jornal “O Dia” tal qual aforismos matinais de Ana Maria Braga, numa versão estendida. Minha mãe e eu adorávamos ler a coluna Maktub do jornal e vez ou outra, ela “salvava” alguma em seu caderninho de recortes.
O Tiktok e o Instagram está cheio de “conselheiros”, gente que sabe muito melhor da vida que você e eu. Eu gosto, às vezes, mas nunca me recordo de nada para aplicar na minha vida. Meu recorde é achar sensacional por um longo período de duas semanas, depois me esqueço e cometo os mesmos erros de sempre. Pensando nisso, resolvi compartilhar minhas próprias parábolas, inspirada na minha rotina diária.
A parábola da faca arrependida
Sabe quando você joga a faca dentro da pia, quando na verdade queria ter comido apenas mais uma fatia de torrada? Ou mais um pão inteiro? Ou dois, quem sabe? Você pode resgatar a faca, lavar com esponja, ter uma faca limpa que não será tão gostosa quanto a faca anterior. Ou pode ignorar todas as bactérias que convergem dentro de uma pia. É uma complexa decisão que envolve mais organismos vivos que uma partida no Maracanã.
A parábola do petisco Caim e Abel
Toda vez que dou petiscos para os meus cachorros eu alterno quem receberá primeiro, para que eles não sintam nenhum tipo de favoritismo. Eu acho que a Sarah não entende isso, pois todas as vezes que o Leonardo é o primeiro, ela me olha com MUITA indignação, um olhar muito duro de julgamento que dói na minha alma e me faz sentir uma péssima mãe de pet. No fim, é difícil suprir carências alheias, mesmo que você se esforce todos os dias para isso.
A parábola tec tec
Eu sempre sonhei em ter um teclado mecânico, até que um dia eu finalmente comprei meu. Para quem não sabe, teclado mecânico é aquele que faz tec tec tec quando digita, tal qual uma máquina de escrever. Eu poderia falar horas sobre teclado mecânico, mas no fim tudo que ouço dos outros é “é... ele é barulhento, né?”. Ou seja, o que para você pode ser incrível para os outros é insuportável. Apenas vá ser feliz e corra atrás dos seus sonhos.
A parábola da água saborizada
Outro dia estava bebendo água cumprindo minha meta diária com minha garrafinha rosa do stitch e me sentindo muito hidratada, quando me dei conta que a água estava com um sabor muito ferroso. “Poxa, eu tô gastando com galão de água pra isso? Para ter água com gosto ruim? Aposto que é a marca!” Pensei. Foi quando me dei conta que o sabor ferroso era porque meu lábio inferior estava sangrando, por conta do frio. Julguei a água alheia quando o problema estava em mim. (Se você defende o frio, defende aí na sua casa. Aqui, não.)
Espero que você se sinta teorizado, também, e aposto que tem suas próprias parábolas. Fiquei curiosa: Quais seriam as parábolas da sua vida?
Eu ando viciada em My Analog Journal e as playlists da Gia Fu são, de longe, minha coisa favorita. Não sei dizer para qual dia da semana se encaixa, pois faz todos os dias parecerem sexta com mojito.
Uma amiga e eu temos uma preferência muito em comum: a paixão por personagens imperfeitos. Dito isso, estou em estado de contemplação da série Better Things (Star+) e sinto que são raras as vezes em que você me verá dizendo isso: ainda bem que ela tem 5 temporadas (porém, são episódios curtos). Estou no final da 2ª temporada já me sentindo orfã dessas mulheres.
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